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20/07/2023

Solo mole: um desafio vencido na construção do Contorno Viário

A característica do solo em praticamente toda a extensão do aterro do Contorno Viário da Grande Florianópolis foi um desafio encontrado durante o processo de construção da futura rodovia.

Em todos os 50 km de obra, cerca de 70% são de aterro, que tem sido feito em solos moles de substrato, ou seja, um material orgânico, saturado, que não tem suporte e não suporta uma rodovia por cima. Desta forma, a Arteris Litoral Sul não poderia simplesmente aterrar e colocar asfalto por cima, pois toda essa parte de solo mole afundaria e o terreno ficaria todo irregular, com algumas partes mais afundadas que as outras.

Com o objetivo de contornar essa dificuldade natural do solo da região, a concessionária faz um trabalho específico e tecnológico de geotecnia antes de realizar o aterro, para que quando a carga for colocada por cima do local, o terreno possa ser estabilizado de forma homogênea.

“Para isso implantamos drenos verticais em toda a área do terreno. Antes de tudo fazemos a limpeza do terreno, aplicamos uma manta geotêxtil de fora a fora, mais uma espessura de areia, que é um colchão drenante, por cima, e cravamos drenos verticais a cada 1,5 metro”, explica o gerente de Operações da Arteris, Tiago Tibiriçá. Ao todo, são três milhões de metros de dreno vertical aplicados no Contorno Viário antes da execução de qualquer aterro.

Para realizar esse trabalho, é aplicada uma fita drenante com equipamentos específicos, que gruda no terreno, crava no solo e o penetra com extensão variável, de acordo com a condição de cada trecho.

Essas fitas podem chegar até a 25 metros de profundidade e a ponta destas fitas fica em cima, no colchão de areia. Assim, as equipes começam a fazer o aterro previsto no projeto, colocam carga por cima do local e o aterro começa a recalcar, a estabilizar. Por cima, é ainda aplicada uma sobrecarga de aterro, para acelerar o processo de recalque.

“Colocamos essa carga adicional, que faz uma força de pressão para baixo e essas fitas drenantes, que são perfuradas, absorvem toda a água que está naquele solo mole, que é como se fosse uma esponja. As fitas levam essa água até lá em cima no colchão de areia, que é eliminado. Se não tivéssemos a fita vertical, o tempo de espera seria muito maior para que pudéssemos pavimentar estes trechos. Depois de feito o aterro precisamos esperar o local se estabilizar por nove meses, em média”, afirma Tiago.

Ou seja, para que hoje o Contorno pudesse estar com mais de 60% de sua extensão pavimentada, cada trecho em solo mole precisou ser estabilizado por pelo menos nove meses.

Ainda de acordo com o gerente de Operações, uma haste que fica em toda a profundidade do aterro mede como está o recalque em todos os trechos. “Até que um dia começa a estabilizar e não é mais possível detectar recalques, somente então podemos começar a pensar na pavimentação. Esse trabalho é feito na obra toda. Tudo que já está pronto passou por todo esse processo”, ressalta o especialista.
Por ser mais recente, iniciado em janeiro de 2021, o trecho Sul da obra ainda está na fase de recalque, enquanto o trecho Norte, que começou em janeiro de 2017, está mais avançado.

O trecho Sul B, por exemplo, está com o aterro todo em recalque há oito meses. “Muitas vezes as pessoas passam e pensam que está tudo parado. Mas não, está em recalque e esse processo está identificado por placas”, reforça Tibiriça.

Ainda segundo ele, o trecho com a pior condição para geotecnia de aterro é a trevo da BR-101 sul. O local, inclusive, tem um prazo maior previsto para o recalque, 13 meses, devido à condição crítica do material natural encontrado no terreno. Na região, a obra não está parada, recebe vigas no pátio, pilares. No entanto, a pavimentação terá que esperar, pois a previsão final para o recalque é setembro deste ano.